Li uma notícia no jornal expresso que me deixou mais uma vez a pensar, o que é que as pessoas, mais concretamente os Portugueses pretendem da vida e do futuro. A notícia dava conta que a área dos 105 espaços comerciais existentes no país pode acolher, em simultâneo, 10.2 milhões de pessoas, tantas quanto as que vivem em Portugal.
Quando leio isto imagino logo aqueles Domingos à tarde, onde os centros comerciais estão cheios de famílias, que investem o pouco tempo que podem estar juntos, num ambiente artificial criado pelo ar condicionado, cheiro a pipocas do cinema e hamburgers de um qualquer macdonalds. Rodeados de putos de 15 anos sempre aperelhados com o seu I-“qualquer coisa” a ouvir a última azeiteirada que a industria discográfica importou, sempre artilhados com o último telemóvel I-“telefone que tira bué fotos e dá mp3 e tudo” para depois porem no Facebook, Hi5 e uma dessas redes sociais.
Mas atenção, parece que ainda vão ser construídos mais 12 até 2011. Agora percebo a lógica das auto-estradas, é que assim é rápido as pessoas deslocarem-se de uns para outros, e podem fazer o “rally dos shops”.
Eu com este paleio corro o risco de parecer um daqueles pseudo-intelectuais moralistas que tanto me incomodam, mas há coisas que me picam. Eu também vou a centros comercias, raramente, mas vou. Nunca ao fim-de -semana, aquele enchente é impossível, faz-me confusão. Mas eu olho as pessoas nos olhos, e parecem-me profundamente aborrecidas, estão lá porque sim. Se houvesse espaços verdes de qualidade, onde possam praticar desporto, brincar com os filhos num qualquer parque infantil com segurança, passear sem ter “esterco” por todo lado e um rio a cheirar a esgoto, de certeza que estariam lá.
Os Portugueses são educados a serem estúpidos, lamento mas é mesmo assim. Estamos rodeados de oportunistas que vêem em Portugal um enorme espaço para construção de seja lá o que fôr. É preciso pôr fim a esta inèrcia que nos leva a estes lugares de cultivo do consumismo e endividamento de pessoas que já “sarna pra se coçarem” nesse domínio.
De certeza que vai haver muita gente a ler este post, e chamar-me de conservador “Construir é que é! Dinheiro a entrar em Portugal! As pessoas a comprarem e fazerem andar a economia!” Antecipo a resposta, basta olhar para a cara das pessoas. A atractividade dos shoppings é mais forte, o apelo das cores, das publicidades agressivas, das pessoas que ficam lindíssimas com aqueles produtos, hipnotizam a sociedade e educam-na para ser subserviente às marcas e consumi-las. Cria-se uma sociedade assim. Mas é muito difícil não entrar na onda, é remar contra a maré.
Atenção, e na altura do Natal?! 😮
Artigo no Expresso com a notícia.
Cláudia Santos said:
Com o aparecimento de tantos shoppings, apercebe mo-nos que este é o conceito mais moderno de “reunião/passeio” familiar. Quando se pergunta às crianças onde querem ir, estas respondem ao Colombo, ao Vasco, ao Mac. Eu quando era miúda gostava de ir a Sintra, a Belém e afins.
Reconheço utilidades num shopping, como ter mil e uma lojas num único espaço e dessa forma não perder tempo em deslocações. Mas numa loja de centro comercial, são raras as vezes em que se tem um atendimento personalizado como se tem no comércio tradicional. Actualmente prefiro o comércio tradicional, em especial na Baixa sempre dá para dar umas voltas ali pela zona e ver outras pessoas.
Pedro Araújo said:
sinto-me deprimido qd passo nos shoppings ao fim-de-semana..
e os casais de namorados a comer no mac e no pizza hut? parecem feitos em série…sempre c os seus tlm na mão
Cláudia Santos said:
Evito ir a shoppings, mas quando tenho de ir, opto pelos dias e horas de menor fluxo.
Mas na Covilhã , vou com mais frequência por causa do supermercado. Mas ir ao fim-de-semana é impensável porque as famílias minam o shopping.
Essa dos namorados nunca-me apercebi, mas quando for ao shopping vou sondar lol
Pedro Araújo said:
elas estão sempre com cara de quem está a apanhar um grande secão… 😛