O mundo mudou, mais do que toda a gente ter um ipod e internet, as grandes alterações, aquelas que mais sentimos e tememos pela sua imprevisibilidade, são aquelas que ocorrem na sociedade. Os papeis convencionalmente atribuídos aos géneros, uma herança que nos condiciona a vida, estão-se a alterar rapidamente, à imagem de todas as alterações hoje em dia.
Este interessante artigo, com o apocalíptico título de “The End Of Men”, fala disso mesmo.
Este ano, nos EUA, pela primeira vez na história dessa nação, as mulheres ocupam a maioria dos empregos e estão em maioria, também, nas universidades.
“Earlier this year, for the first time in American history, the balance of the workforce tipped toward women, who now hold a majority of the nation’s jobs. (…) Women dominate today’s colleges and professional schools—for every two men who will receive a B.A. this year, three women will do the same. Of the 15 job categories projected to grow the most in the next decade in the U.S., all but two are occupied primarily by women. “
Também chegaram a esta interessante conclusão.
“In 2006, the Organization for Economic Cooperation and Development devised the Gender, Institutions and Development Database, which measures the economic and political power of women in 162 countries. With few exceptions, the greater the power of women, the greater the country’s economic success”
A tese que este artigo defende é que no futuro a economia estará mais adequada para mulheres do que para homens
“For a long time, evolutionary psychologists have claimed that we are all imprinted with adaptive imperatives from a distant past: men are faster and stronger and hardwired to fight for scarce resources, and that shows up now as a drive to win on Wall Street; women are programmed to find good providers and to care for their offspring, and that is manifested in more- nurturing and more-flexible behavior, ordaining them to domesticity. This kind of thinking frames our sense of the natural order. But what if men and women were fulfilling not biological imperatives but social roles, based on what was more efficient throughout a long era of human history? What if that era has now come to an end? More to the point, what if the economics of the new era are better suited to women?”
Confesso, que há muito tempo que penso nisto. As competências sociais das mulheres são um trunfo numa economia global, onde as relações entre povos diferentes requerem outro tipo de sensibilidade. Mais uma vez, estas concepções do futuro, sob um ponto de vista femini(sta)no falham em pontos fulcrais. Já falei em vários. Um dele é a igualdade imaginária, só possível, se os homens oferecessem a mesma resistência a uma relação, como as mulheres com o desdém, que nós homens, lhes cultivamos no campo fértil do ego. É uma questão incontornável que nos separa em absoluto.
Outro erro que estas mulheres que antecipam a supremacia feminina cometem, é o de assumir que os homens permanecem os mesmos desde o século 19. Para elas, os homens não evoluíram no seu pensamento, apenas servem para andar à porrada e competir como cães por carne. E as gerações futuras? Também os homens que serão educados numa sociedade matriarcal, apesar disso, pereceram desta maleita de ser homem e continuarão a ser vitimas destes clichés?
Cláudia Santos said:
O mundo vive numa constante mudança, há quem lhe chame evolução da sociedade, mas na realidade nem sempre o é… (assunto com pano para mangas, não me vou por a divagar)
Concordo com o que dizes, mas sou apologista que o homem não é mais nem menos que a mulher. No mundo laboral, ainda assistimos à situação de cargos de chefia serem maioritariamente dominados por homens , enquanto que as tarefas domésticas são muitas fezes “automaticamente” delegadas às mulheres. Sou apologista de que todos somos capazes de realizar determinada tarefa, seja desde a direcção de uma empresa à simples tarefa de tratar da roupa. A meu ver aquela ideia de determinadas tarefas só podem ser executadas por homens e outras por mulheres, à muito que não faz sentido. O facto de um homem passar a ferro ou cuidar da casa não faz dele menos homem, e se uma mulher for uma empresária de sucesso isso não faz dela uma pessoa solitária e sem sentimentos.
Enquanto seres humanos devemos ser olhados pelas nossas competências e não pelo sexo.
Pedro Araújo said:
“…sou apologista que o homem não é mais nem menos que a mulher.”, eu também, absolutamente
“Enquanto seres humanos devemos ser olhados pelas nossas competências e não pelo sexo.”, evidentemente
É tudo verdade, mas nós somos diferentes, podemos mudar as leis, dividir tarefas, garantir igualdade de oportunidades, mas haverá sempre diferenças fundamentais.
Se essas diferenças são consequência de uma adequação comportamental, a moldes que nos são impostos desde o berço (meninas a cor-de-rosa e rapazes a azul), ou é genética.
As questões que referes, tarefas domésticas e tal, acabam por ser menores, se compararmos com as relações sociais, aí as diferenças são mais claras.
Cláudia Santos said:
São menores … não acho. Eu vejo bem cá em casa que a minha mãe está sempre “diz ao teu irmão pra trazer a roupa pra passares a ferro”, “o teu irmão vai encardir a roupa toda”,” podias ir lá a casa ver se aquilo precisa de ser limpo”, “faz o almoço pro teu irmão levar pro trab”. Eu bem argumento que ele não deixa de ser homem por realizar estas simples tarefas, mas para a minha mãe estas são tarefas automaticamente delegadas às mulheres.
Claro que cada caso é um caso, acho que vai tudo de uma questão de educação e de “visão”.
Pedro Araújo said:
Eu não estou a menorizar a importância das tarefas domésticas, e o esforço que as mulheres fazem, comparativamente à preguiça (e não só) dos homens. Podemos até mudar isso, dividir as tarefas, mas as diferenças manter-se-ão, é por isso que digo que é uma questão menor.
E é disso que eles se referem no artigo, uma capacidade superior por parte das mulheres, no domínio das relações públicas. Percebo a tua perspectiva, em afirmares que é uma questão de educação. Não é tudo, mas é muita coisa.