O Star wars faz parte daquela nostalgia infantil que tudo desculpa a um argumento maniqueísta dos episódios últimos em número, mas que sempre serão considerados os primeiros em , e em nada perdoa ao enjoo do CGI, um argumento sem ponta por onde se lhe pegue e um Darth Vader mimalho dos primeiros. Para ser justo, o Emperor Palpatine foi a melhor personagem de todos os filmes, os seus momentos são o expoente máximo da saga. A sedução maléfica do Darth Sidious é o tema do Star Wars, the thin line between love and hate.
Um sétimo episódio é dinheiro em caixa, e o regresso de Harrison Ford, Carrie Fisher e Mark Hamill denota um busca pela familiaridade perdida com personagens como Jar Jar Binks. Relativamente a J.J. Abrams, espero o mesmo entretenimento com alguma sofisticação que encontrei em Lost e no Star Treck. Mas este filme não deverá passar muito disso.
Um belo filme, repleto de detalhes e tensão, daqueles que é traído por um trailer sensacionalista que faz antever uma sonolenta pirotecnia, bela surpresa, só pequei por o não ter visto no cinema, merece.
A primeira tentação é consultar as opiniões dos especialistas em passeios espaciais, pois os potenciais movie-mistakes em filmes sci-fi, no que a violações das regras da física diz respeito, são como um ninho de vespas. Ou se establece desde o início a total ruptura com as descobertas de Newton, ou se honra o compromisso de não causar grandes desconfianças na intuição do espectador para situações que caem no “uncanney valley” .
Não foi o caso, excepto uma ou outra situação em que faz o obséquio ao mainstream de Hollywood, o filme mantém um rigor científico que leva a crer ser uma espécie de ensaio cinematográfico sobre os efeitos da ausência de gravidade nos passeios espaciais e utilização de jetpacks.
A personagem feminina, com a sua coragem, sensibilidade e uma ferida aberta; não é novidade, mas a Sandra Bullock torna-a interessante mas, por momentos, temi um Speed IV…. Em relação ao George Clooney, acreditei até ao fim do filme que ele apresentasse uma cápsula Nespresso com sabor a meteorito, é o 257º filme com a mesma personagem, as suas aparições eram uma espécie de interrupção publicitária.
Eu sei que a tentação não pode ser negligenciada, trata-se de ficção científica e o terreno é fértil, mas o CGI elevou-se a um patamar tal, que relegou o romântico “illusion of life” a uma quimera cinéfila, a uma memória de infância onde perdura o cenário gelado do ataque do Império, em que Imperial Walkers marchavam desajeitadamente sobre a base da Rebel Alliance. Tornou-se um lugar-comum da crítica leiga ao cinema, afirmar que a aplicação da computação gráfica no cinema tem como agenda escondida ocultar a falta de imaginação e explorar a preguiça mental dos expectadores. Não é alheio ao caso, a crise de bilheteira fomentada pela pirataria, novas plataforma de visualização e, principalmente, novos costumes.
Pode-se argumentar que as salas de cinema, pela qualidade de som e imagem, potenciam com grande estrondo as capacidades do CGI, sem dúvida que oferece possibilidades assombrosas à indústria do cinema, não advogo um conservadorismo cinematográfico. Mas o Star Trek merece melhor do que uma sequência de explosões, tiros e gigantescas naves a desintegrarem-se, é um filme pipoca. A ficção científica, particularmente no franchise do Star Trek, é um pouco como o Jazz Fusion, possibilitando a exploração e aprofundamento dos mais diferentes temas combinando tudo em algo sólido. Por exemplo, a relação entre humanos e seres alienígenas com cultura própria poderia dar azo a confrontos políticos e sociais bem mais ricos do que o maniqueísta confronto com os Klinglon.
As personagens reflectem esta pobreza narrativa, através de uma estereotipagem quadrada, desde o bad boy engatatão que não cumpre as regras, mas salva o dia; ao Spock e a sua luta contra as emoções, mas faça-se justiça a Zachary Quinto que já não é a primeira vez que desempenha bem o papel; passando pela loira que lá tem de aparecer em roupa interior. A Zoe Saldana fica bem em qualquer filme.
Em suma, a saga Star Trek já teve momentos bem piores e este filme cumpre os requisitos mínimos sem passar vergonhas, mas desilude-me pois na saga há matéria prima para fazer muito melhor do que isto. Espero que o J.J. Abrams tenha isto em conta quando meter as mãos na próxima trilogia galáctica…
Confesso que fiquei assustado quando vi o trailer do Prometheus, o mais recente filme de Ridley Scott, e o seu regresso ao sci-fi. Pareceu-me que era uma tentativa de rentabilizar a marca Alien, até tem as criaturas parasitas em ovos e tudo, mas pelos vistos é um prólogo desse mesmo filme, que responde a questões que ficam pendentes, tais como “Quem era o piloto da nave que transportava os monstros (aliens)?”, pois naturalmente não foram eles que desenvolveram toda aquela tecnologia, deveria existir uma outra civilização.
O Prometheus responde a essas questões, pelo que pude ler sobre o filme. No entanto, avaliando pelo trailer, o filme aplica alguns clichés habituais do género, os cientistas que descobrem algo de extraordinário, que por sua vez estava no planeta há milhões de anos e era uma mensagem de outra civilização; o governo ou qualquer empresa poderosa apoia a pesquisa mas tem segundas intenções, a clássica “hidden agenda”, etc.
Espero para ver, à partida parece-me ser 10% do Contacto (a parte das mensagens) e 90% do alien, o que é bom, mas não acrescenta muito de original ao que já existe, é uma fórmula que tem rendido.
A beleza deste filme, a música de Wagner que o acompanha, merece a tela das salas de cinema. A ficção científica é um quadro, onde se desenha um planeta em rota de colisão com a terra, como um fundo que vai consumindo o horizonte. Vejo o filme assim, apela à contemplação do cenário, sempre vasto, ocupado por um melodrama familiar, onde as pequenas coisas entre as pessoas agigantam-se de significado, num estranho ambiente.
A música, outra vez, é uma constante no filme, cujas resoluções nos deixam sempre em suspenso, a pairar. A Kirsten Dunst parece representar no palco de uma ópera trágica, chega a ser enervante, mas acaba-se por compreende-la, as coisas deixam de ter importância perante aquele céu.
Há muito tempo que esperava uma série sobre fantasia com uma produção deste nível, tem tudo, conspirações e segredos, o norte frio e o sul solarengo, as árvores debruçadas sobre os lagos no meio da florestas, príncipes e princesas, cavaleiros, sangue e lendas, os olhares que revelam histórias e desconfianças, excelente música, e cenários dignos de filmes. Não estou a exagerar, a produção é outro nível completamente diferente no género, no que diz respeito a séries.
Em relação à história, foi escrita por um dos mais aclamados autores de fantasia, Gorge R. R. Martin. O pouco que li, excertos da série Game Of Thrones, consigo encontrar na série. Acho que os leitores não se sentirão desiludidos, salvaguardando sempre a distância pessoal que via de um livro par um filme. O espaço para o nosso imaginário é mais alargado nas palavras.
A série não é superficial, no que diz respeito a violência e erotismo. Por exemplo, no Senhor dos Anéis, os bebés deviam ser trazidos por cegonhas, o pico de sensualidade foram umas lágrimas da Liv Taylor e o olhar desarmante da Cate Blanchett. No Game of Thrones procura-se explorar todas as emoções, doseando a fantasia.
Vai ser a 16 de Agosto, o lançamento do novo álbum dos Iron Maiden, “The Final Frontier”. É o 15º álbum da banda, e espero que não seja a última fronteira. A imagem de cima é a cover do single que lançaram, o “El Dorado”.
Este single é Iron Maiden puro e duro. Regressaram as galopantes tradicionais, talvez um pouco mais agressivo. É interessante a voz do Bruce Dickinson num registo mais grave, subindo em certas partes da música até chegar ao refrão, onde aparecem os clássicos agudos Maiden. De resto, não tem muito mais de interessante para além do início estrondoso da música.
Parece-me que os Iron Maiden recuperam o tem do sci-fi utilizado em álbuns anteriores como o “Somewhere in Time”.
O produtor do álbum afirmou que os guitarristas tinham um som distinto neste álbum, ainda não é perfeitamente claro, durante os solos do single distinguem-se bem vários sons diferentes, mas isso não é novidade em Maiden. Vou esperar pelo resto do álbum para confirmar.
Os últimos dois singles de Iron Maiden, “Wildest Dreams” e “Different World”, eram das piores músicas do álbum, e no caso da primeira, era mesmo a pior música do “A Matter of Life And Death”. Espero que agora aconteça o mesmo. Tenho um bom feeling para o “The Final Frontier”, a duração das músicas leva a crer que vai ser um álbum a tender para o progressivo, muito instrumental com aquele som fantástico do costume. Abrem o álbum com uma musica de quase 9 minutos, isto é só para quem pode. São poucas as bandas que tem a audácia, estatuto e até mesmo aprovação para o fazer. Deve-se agarrar o ouvinte desde o início, com músicas curtas e directas, mas os Iron Maiden sabem quem vai comprar os álbuns, os fieis do costume. Sabem que têm margem de manobra.
Tenho boas expectativas para o que se segue.
Iron Maiden – The Final Frontier (2010)
1. Satellite 15…..The Final Frontier 8:40
2. El Dorado 6:49
3. Mother Of Mercy 5:20
4. Coming Home 5:52
5. The Alchemist 4:29
6. Isle Of Avalon 9:06
7. Starblind 7:48
8. The Talisman 9:03
9. The Man Who Would Be King 8:28
10. When The Wild Wind Blows 10:59
Sci-fi com muita qualidade. Simples e eficaz. Deixa muito espaço para reflexão. Este filme é arrebatador na forma como retrata a solidão e a indiferença pela vida. Um homem sozinho na Lua.
Esta imagem acima, é o Gerty. Um robô que auxiliava o humano. Impossível não pensar no 2001 Odisseia no Espaço, e os robôs com personalidade, mas neste filme o Gerty não assume o papel principal. O robê é assustador pela simplicidade cínica do smile que usa para expressar as emoções.
ps: Este filme fez-me lembrar os produtos da Apple. Tudo branco, cantos arredondados, parece tudo fácil e amigável, mas fica a sensação que há uma força obscura por detrás, algo que não bate certo… 😛
Quem acompanha a série “Lost”, e ainda não viu o final, não deve continuar a ler.
A série não é a “preto e branco”, já se percebeu isso desde a primeira temporada. As questões não respondidas, as dúvidas sobre o enredo, foram-se acumulando, e à medida que a série se aproximava do fim, ficou claro que o público ia ficar “ás escuras”. Portanto, era preciso tomar uma atitude como espectador. Não encarar o “Lost” como sci-fi.
É uma grande série. Das melhores de sempre, do melhor que vi até agora. Capaz de agregar fãs de diferentes géneros, pela sua ambiguidade. Tem muitos enigmas, que são levantados por uma sequência de eventos com conexões muito subtis. Sempre alternando elementos de sci-fi, com mitologia e conexões sentimentais complexas entre as personagens. Uma espécie de Spilberg, mas menos lamechas.
Ontem vi o último episódio. Não gostei. Por mais que o final seja à volta das personagens, dos seus sentimentos, em detrimento dos tais elementos de sci-fi, que precisavam de ser esclarecidos, eu não fiquei nada convencido. Já vi finais estranhíssimos, como o final do “2001 Odisseia no Espaço”, mas sempre era mais perceptível do que este.
Pelos vistos, no Lost, uns estavam mortos, outros vivos, e no final, tal como na “Tieta do Agreste” ou novelas semelhantes, acabam todos juntos a celebrar com sorrisos e abraços.
Foi muito emotivo, mas não me impressionou, pois fiquei sem saber quase nada. O que raio são os números? Foi das coisas mais enigmáticas da série, e chegam ao fim sem explicar o que significam. E a estátua egípcia? De onde surgiram as pessoas como a a mão do Jacob? Foi ter à ilha por acidente? E qual é a explicação para o fenómeno da luz da gruta? Podia continuar por aqui fora, são muitas as perguntas sem resposta. Pesquisei algumas na net, encontrei várias teorias, mas não me convencem.
Já percebi que não vou ter resposta. Não é isso que interessa no Lost, não são as origens dos fenómenos, o que é importante são os efeitos que os fenómenos causam nas personagens. Entendo isto como uma nova forma de fazer séries, de transmitir emoções mais fortes, ou seja, não dispersar a atenção com detalhes técnicos e concentra a atenção do espectador nas personagens. É apenas isso que interessa no Lost, pessoas.
Depois de ter visto o trailer, fico com grandes esperanças neste filme. Porquê? Não me pareceu uma americanice. Não me parece que seja mais um Independence Day ou qualquer coisa assim, com o presidente dos EUA a pilotar um avião e matar aliens. Uma patetice de Domingo à tarde. Este não me parece assim. O realizador, Neill Blomkamp, é natural da África do Sul, e o filme passa-se lá, em Johannesburg. O que é perfeitamente normal, é que a preferência doa aliens pelos EUA é um bocado estranha.
Este filme lida com xenofobia e discriminação, com base no medo, ignorância e desconhecimento. A história é inspirada em eventos acontecidos em District 6, na África do Sul durante o apartheid. Eu já estive a ler o plot do filme, não quero ser spoiler, aquilo que li agrada-me muito. O que posso dizer é que se trata de um filme sobre uma raça alien que chega à Terra por acidente, e depois são postos num campo de refugiados. É um verdadeiro filme de sci-fi, onde acima são discutidas questões morais e éticas. Não se pense que o sci-fi são naves e lasers, isso é apenas uma desculpa para discutir questões da humanidade em contextos diferentes, com variáveis que ainda não consideramos. Como por exemplo a convivência com uma espécie inteligente diferente, a vida após um cataclismo, humanidade num futuro com recursos tecnológicos extremamente avançados, etc. Veja-se o caso do Matrix ou Blade Runner.
Para se ter uma ideia mais concreta sobre a fabulosa história deste filme, aconselho a ver a seguinte curta-metragem, Alive in Joburg. Serve como prólogo. Os aliens assumem o papel de refugiados que reclamam pelos seus direitos. Foi realizada pelo Neill Blomkamp, e trouxe-o à ribalta. O produtor do District 9, Peter Jackson, certamente agradado com a mesma, ofereceu-lhe 30 milhões de dólares para ele fazer o filme que quisesse. E aí está, com potencial para ser o melhor da década. Vejam a curta-metragem, é muito boa.
PS: Este realizador, Neill Blomkamp, trabalhou num filme que ainda irá estrear nos próximos anos, o Halo. Quem conhece o jogo sabe do que estou a falar, caso contrário é mais sci-fi sobre aliens. Mas o projecto colapsou. Antes o Guillermo Del Toro esteve envolvido, mas também não foi avante. Sei que o Peter Jackson é o director executivo.